Ana Gil & Nuno Leão
MANIFESTO
Na
nossa ação procuramos que os objetos artísticos que criamos se confrontem com a
máxima responsabilidade do espetador, permitindo-lhe uma apropriação ativa dos
mesmos. A obra aponta vias para a emancipação do espetador.
Por
emancipação compreendemos ação. A criação surge no sentido de desmantelar as
fronteiras entre os que agem e os que vêem, tornando-se o objeto artístico
potenciador de interpretações múltiplas e simultâneas no mesmo espaço e tempo.
“A
emancipação começa quando se compreende que o olhar é também uma ação”
(Rancière, O espetador emancipado)
Preferimos
o uso da palavra ação, em vez do
termo teatro, no sentido em que o último se torne lugar de confronto do público
consigo próprio, enquanto coletivo, por oposição à distância da representação.
Entendemos
o acontecimento ao vivo, enquanto espaço de manifestação estética e política
dos seus intervenientes, onde não existe qualquer regra específica, qualquer
hierarquia dos temas, dos géneros e das artes.
O
acontecimento ao vivo será assim um momento de pura suspensão, em que a
experiência é apreendida como criação de uma humanidade específica.
Neste
manifesto dizemo-vos, olhos nos olhos, através da ação de 13 adolescentes:
Nós
queremos sentar-nos à vossa frente.
Nós
queremos ouvir o som da vossa respiração.
Nós
queremos sentir o eco do nosso grito nos vossos corpos.
E
queremos escutar as nossas palavras no vosso silêncio.
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