Sobre o projeto











Nós queremos sentar-nos à vossa frente.
Nós queremos ouvir o som da vossa respiração.
Nós queremos sentir o eco do nosso grito nos vossos corpos.
E queremos escutar as nossas palavras no vosso silêncio.

"Kurt Cobain" é um projeto de Ana Gil & Nuno Leão em parceria com o Cine-Teatro Avenida de Castelo Branco, dirigido a alunos dos 13 aos 18 anos de idade das escolas de Castelo Branco.

Direção Artística : Ana Gil & Nuno Leão

Participantes: Alexandra Santos, Beatriz Teixeira, Carina Bastos, Carla Aziago, Cristiana Henriques, Helena Prata, Inês Belo, Jessica Santiago, Joana Lourenço, João Santos, Margarida Guerra, Mariana Garcez, Marta Duarte, Rute Ramalhinho, Sofia Carrilho, Telma Jesus, Zara Fontão

Vídeo e fotografia: Afonso Fontão & Tiago Moura (STAR Produções)

Co-Produção: Ana Gil & Nuno Leão, Câmara Municipal de Castelo Branco/Cine-Teatro Avenida

Apoios: Fundação Calouste Gulbenkian, Junta de Freguesia de Castelo Branco



ESTREIA: 21 de Julho de 2012 (Auditório Cine-Teatro Avenida Castelo Branco)

ABORDAGEM / DRAMATURGIA


“ Queria permanecer anónimo (...) Queria fazer como Black Francis: ele mudou tantas
vezes de nome que ninguém sabe realmente como se chama...
Da mesma maneira, queria que ninguém soubesse o meu verdadeiro nome e, assim,
quando quisesse, poderia voltar a ser um Kurt Cobain qualquer ”

Kurt Cobain, I hate myself and I want to die


     Ao longo da história surgem vários nomes. Uns tornam-se emblemáticos de causas, movimentos, outros de momentos e episódios históricos e alguns desta ou daquela geração. No rol dos emblemáticos descobrimos Kurt Cobain, eleito porta-voz de uma geração, mesmo contra a sua vontade. Ao longo do tempo torna-se uma persona em que a multidão se projeta; personificação da salvação e do desejo de construção a assunção de um estar na vida e no mundo – figura anti-heróica que, na sua banalidade, se torna depositária de projeções de uma geração que o elege como ícone. É ele que, sem o pretender, deixa vestígios marcantes de uma geração, num espetro paradoxal em que o desejo de criar e de rebentar com o mundo convivem em simultâneo.
     A referência ao ícone “Kurt Cobain” surge enquanto representação da forma como utilizamos uma multiplicidade de referências para nos tentarmos definir e comunicar aos outros. Recorre-se assim aos processos de comunicação que utilizamos no dia-a-dia, transpondo-os para o território teatral, no qual os mesmos se tornam operativos na produção de uma obra de arte que os comenta, reflete e sintetiza.
     Ao longo do processo os alunos/criadores vão construindo o seu manifesto individual (utilizando para isso as referências que escolhem e combinam) reflexo das suas ideias e atitudes enquanto indivíduos. 
     “Kurt Cobain” é um nome, uma identidade, um retrato, um pretexto para pensar a realidade. “Kurt Cobain” será aquilo que cada um quiser: uma marca, uma outra figura, o meu lugar no mundo. “Kurt Cobain” é a minha reinvenção, é o meu questionamento entre um ego e um alter-ego: que distância vai do ego que eu capto do outro ao meu ego? Onde é que ele termina e eu começo? Se eu disser “O meu nome é Kurt Cobain” sou eu “ele” ou “eu”? Ou o ponto onde os dois se encontram?
       Assim, em última instância, o objeto resultará numa combinação de vários manifestos que se relacionam de forma intertextual com o icóne (Kurt Cobain), despoletando novos sentidos que até então não estavam ainda associados a ele. Testa-se assim a potência de deambulação que a arte encerra: as fronteiras esfumam-se, esvaem-se a cada passo, em cada gesto ou palavra, bem como Kurt Cobain se tornará apenas um vestígio deste objeto.





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