“Switching
of this filme today
Euphoria was washed away
It takes a million trials
until
This deadlocked head
Release your will”
Apparat, The soft voices die
À primeira vista existe um grupo que vemos
como padrão, sem qualquer espécie de individualidade em si. Todos se comportam
da mesma maneira; falam a uma voz ( espécie de coro grego revisitado). Esta
padronização assume-se coletivamente no espaço, no tempo, nos gestos e
posturas, no aspecto. “Kurt Cobain”, figura tutelar desta manifestação, dá
motes de experimentação desta especificidade do grupo (num pormenor físico que
os une). Na forma do espetáculo ( formato de CD a ser gravado ao vivo), também
se assume um padrão (com os seus processos de construção, edição, repetição,
ensaio, experimentação, gravação...).
Contudo, não falamos de uma regra única
aqui. Aqui não são possíveis estabilidades absolutas. Parece sim um enorme
paradoxo o que aqui vive. Dentro deste padrão aparente, instalado como rocha na
paisagem, mora um desejo de individualização como nunca antes o havíamos
conhecido. Desenha-se assim mais uma caraterística coletiva: a procura da
afirmação de um “eu” em relação ao “outro”, procurado ora através de processos
de emancipação, ora por oposição. Diz-se sempre “Nós”, mas escuta-se “Eu”.
Diz-se “Kurt Cobain” mas o que se ouve é o nome de cada um nas margens da sala,
para a qual não fomos convidados a entrar. Uma vez lá dentro é importante
(fundamental até) pôr de lado as expectativas, ou pelo menos não as tomar com a
tamanha evidência que geralmente encerram. Temos de estar dispostos a mergulhar
mais fundo, na disposição de que o vislumbre se mostre por detrás da evidência.
É também essa a potência da figura polémica que não podemos (nem queremos)
ignorar. Queremos que o fundo se manifeste na superfície aparentemente calma.
Ouvir o borbulhar de uma imagem que se quer tornar verbo.
Ana Gil & Nuno Leão
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