terça-feira, 24 de abril de 2012

Video-Arte

‎"Nos anos 1980, o vídeo passou a ser o único meio de expressão para muitos artistas. O clima social geral era influenciado por uma atitude neo-liberal conservadora, que tinha a sua encarnação nas políticas da primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher. O florescimento da pintura figurativa e a influência cada vez maior do mercado artístico em franco desenvolvimento tornou o carácter revigorante desta década tangível também no campo das artes. Neste contexto, alguns artistas alcançaram alguma fama juntamente com os pioneiros. Entre outros, Klaus vom Bruch, Robert Cahen, Gary Hill, Marie-Jo Lafontaine, Marcel Odenbach, Tony Oursler, Fabrizio Plessi, Bill Seaman e Bill Viola. O equipamento de vídeo tornou-se incrivelmente acessível, fácil de manusear, e tecnicamente mais desenvolvido. Nesta fase, muitos artistas de Vídeo - um rótulo que já se tinha tornado vulgar - usaram a disciplina artística clássica da escultura para expandir a Video Art. Nam June Paik tinha já estabelecido padrões nesta área com a sua TV-Cross (1966), TV-Buddha (1974) e TV-Garden (1977), e Les Levine criou uma das primeiras peças de parede de vídeo com o seu trabalho de 1968, intitulado Iris. Nos anos 1980, foram criadas novas formas semânticas pela colocação de monitores em série - como parede, como série empilhada ou dispersa - ou eram apresentados de forma a que a configuração do equipamento correspondesse ao conteúdo da fita gravada. Com Crux (It's Time to Turn the Record Over) (1983-1987), Gary Hill apresentou um trabalho que tinha origem numa performance, com cinco monitores que representavam extremidades de uma cruz latina, cujos ecrãs mostravam a cabeça, as mãos e os pés ( em dois monitores) de um homem crucificado. O fluxo de imagens electrónicas já não se limitava a reproduzir a superfície da realidade num modo documental, como tinha sido usual no início dos anos 1970. Apoiado por programadores de computador, a máquina de filmar era agora muito mais um instrumento para visualizar narrativas complexas e ficções. Assim, os artistas viam frequentemente as coisas de uma perspectiva holística, à qual davam expressão através do uso de imagens simbólicas e metafóricas. As redes de meios de comunicação que aumentavam com grande rapidez internacionalmente também exigiam uma maior percepção global. "Mundo", disse Klaus vom Brunch, "é tudo o que é acontecimento na televisão". A crítica de televisão, meio de comunicação gigante, continua portanto a ser corrente, como se pôde ver também nos trabalhos de Antoni Muntadas e Dieter Kiessling. Foi nesta década que a estação de rádio, MTV, se estabeleceu na televisão, com os seus pequenos clips de música a proporcionarem uma nova mistura de arte, comércio e televisão. A Video Art reflectia amplamente esta estética de clip, que trouxe consigo padrões visuais e sucessões rápidas de imagens que ultrapassam o elemento narrativo do vídeo. Muitos festivais - Locarno foi o primeiro, em 1980 -, bem como revistas, estúdios, bolsas de estudo e exposições incluindo a documenta 8 (1987), asseguraram a vasta distribuição da Video Art nos anos 1980, e dotaram este media electrónico de uma arena de apresentação independente." 
Texto de Sylvia Martin no livro: "Video art"
(postado no grupo do facebook Projeto Kurt Cobain, por Óscar Silva do Sr.João)


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